Ao longo do processo de aprendizagem de um idioma, em que momento devemos nos lançar ao estudo da gramática (o bicho-papão, para a maioria de nós…)? Confira aqui algumas dicas para ajudar você a planejar sua aprendizagem da gramática. Infelizmente, não há apenas um método ou uma abordagem ideal, já que tudo depende do seu objetivo, do tempo que você tem para dedicar e das suas preferências pessoais. No entanto, nossa missão é compartilhar com você as experiências pessoais que deram certo. Quer elas sirvam como exemplo, ou apenas como fonte de motivação! 

estudo da gramática

Já falamos sobre a aprendizagem da gramática em nosso artigo sobre Quanto e como aprender gramática, mas gostaria de aprofundar o tema para compartilhar com você minhas experiências positivas em relação às duas últimas línguas estrangeiras que aprendi: o romeno e, principalmente, o português do brasil.

 Uma abordagem prática ao estudo da gramática

  • Escolher o momento ideal: na minha opinião, faz mais sentido começar a aprendizagem de um idioma ouvindo, memorizando vocabulário e repetindo os sons, as palavras e as frases que ouvimos.
    No meu próprio percurso de aprendizagem, pela falta de tempo, eu nunca estudei a gramática do romeno. No entanto, isso não me impediu de atingir um nível que permita que eu me expresse e entenda esse idioma com facilidade. Foi somente há pouco tempo que senti necessidade do estudo da gramática como forma de estruturar meu discurso e de aplicar as regras gramaticais para me expressar melhor, como para a formação de frases corretas no futuro, por exemplo. Acredito que seja mais interessante aprender isso agora, e não lá no início, quando eu não teria sido capaz de rir dos meus próprios erros com os meus amigos!

 

  • Aprender o que é necessário, pelo menos em uma primeira fase: eu sempre gosto de aplicar o Princípio de Pareto quando aprendo um novo idioma (ou seja: aprender os 20% de coisas das quais termos necessidade em 80% das situações). Em inglês, eu, por exemplo, acho inútil saber a diferença entre o present perfect e o present perfect continuous… ou conhecer as três formas dos verbos irregulares (que, pra mim, nunca foram realmente úteis). Resumindo: é melhor se concentrar nas regras mais importantes, e talvez aprender o restante mais tarde.

 

  • Estudar uma regra quando precisamos dela: sinceramente, eu nunca tive vontade de memorizar quando deveria usar “por” e quando usar “para” em espanhol, como propõem os métodos clássicos de aprendizagem… Eu prefiro estudar as diferentes nuances, os diferentes usos, a partir de frases-padrão que, hoje, me permitem usar essas palavras de forma bem mais intuitiva. Sem que eu tenha que pensar  “ok, então, lá, quero expressar uma causa ou uma razão, então vou usar por…”

 

  • Usar a gramática para compreender melhor, e não como uma desculpa para não falar: não devemos mentir para nós mesmos. A gramática é uma ferramenta poderosa para compreender os mecanismos de um idioma e aprender a dominar sua estrutura. Mas às vezes (especialmente no início), ela pode funcionar como um freio, como uma desculpa para não falar essa língua. E não há nada mais contraprodutivo do que não falar um idioma sob o pretexto de que ainda não a dominamos perfeitamente… Temos que mergulhar no “learning by doing” e aprender com nossos erros.

 

Minha experiência com o português do Brasil

Faz algum tempo que eu me dedico ao português do Brasil, e cheguei a um nível que permite que eu me expresse sem muita dificuldade. Confira aqui como abordei o estudo da gramática do português…

  • No início, aprendi as frases e as palavras mais úteis nos guias de conversação e no aplicativo MosaLingua para aprender português. A partir dos exemplos, passei a me sentir mais à vontade em relação à pronúncia (ainda que ela não seja muito simples). Apenas em caso de dúvida, eu dava uma olhadinha nas regras de pronúncia. Hoje, já aprendi mais de 3100 flashcards no MosaLingua, e isso me ajudou enormemente.
  • Ao invés de estudar os artigos corretos para cada situação, por exemplo, tentei usar o instinto (método eficaz exclusivamente para os idiomas latinos) e , em seguida, verificar se tinha razão ou não, consultando as regras de gramática aplicáveis. Dessa forma, achei mais fácil me lembrar de quando usar o masculino “o” e o feminino “a”.
  • Li também muitas notícias em português (ainda que não entendesse tudo). Isso me ajudou a memorizar um vocabulário novo e a buscar uma regra de gramática apenas quando o uso prático do idioma me faz sentir essa necessidade (em uma frase que não entendo, por exemplo). Uma abordagem, na minha opinião, bem mais dinâmica e divertida.
  • Quando eu faço intercâmbios de conversação com nativos, sempre peço que eles corrijam meus erros de gramática (dessa forma, consigo aprender as estruturas das frases e as regras de gramática na prática, e não estudando).

Eu adoro usar as línguas estrangeiras e, agora, o português me permite falar com brasileiros e me divertir com esse idioma, que eu adoro. E pouco importa que eu ainda cometa erros. Isso faz parte do jogo, e me ajuda a me aprimorar ainda mais.

Para concluir, deixo você com o vídeo em que falo em seis idiomas, para provar que essa abordagem realmente funciona!

VIdéo Luca