O sucesso em aprender um idioma estrangeiro não depende do seu coeficiente intelectual. Pelo contrário, as habilidades de aprendizagem de um idioma estrangeiro podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa, com disciplina, técnicas adequadas e autoconhecimento. Então, ainda que aprender um idioma estrangeiro não seja fácil, se você souber como evitar os erros mais comuns ao aprender um idioma, com certeza irá aprender em menos tempo e adquirir um maior grau de fluência.

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Atualizado em 17.11.2020

O índice do nosso artigo sobre os erros mais comuns e as boas práticas na aprendizagem de idiomas

Os 6 erros mais comuns ao aprender um idioma – e como evitá-los!

1. Não escutar o suficiente

Escutar é a atividade mais importante, quando você está começando a aprender um idioma. Há pessoas que, logo de início, dedicam um bom tempo a ler livros e artigos ou fazer exercícios de gramática. Outras escolhem ouvir música, assistir a séries e filmes e ouvir podcasts que as ajudam justamente a melhorar sua compreensão oral. E, consequentemente, também sua expressão. O resultaado? Esses últimos compreendem melhor o idioma, enquanto os primeiros acabam ficando um pouco perdidos quando começam a conversar com nativos no idioma que aprendem.

Alguns linguistas, especializados no processo de aprendizagem de um idioma estrangeiro, garantem que os estudantes de línguas serão beneficiados se fizerem um “período de silêncio” quando começam a aprender. De acordo com Dunkel (1991) o “período de silêncio” permite ao estudante focar nos sons do idioma, assim como faz um bebê que está aprendendo a falar. Estudos realizados por Hakuta (1974), Huang e Hatch (1978), também especialistas na área, demonstraram que em circunstâncias naturais adultos e crianças adquirem um segundo idioma com mais facilidade quando começam o aprendizado com atenção total dedicada à escuta.

Dunkel também assegura que os estudantes que são forçados a falar uma língua estrangeira prematuramente são vítimas de um fenômeno conhecido como “sobrecarga de tarefas”, que inibe o processo de aprendizagem. Isso acontece porque os estudantes que são obrigados a produzir um material a partir de um conhecimento que ainda não ficou armazenado em sua memória experimentam uma sobrecarga na memória de curto prazo. 

2. Falta de curiosidade

Ter um motivo para aprender é essencial para uma aprendizagem bem sucedida. Ou seja: é preciso ter uma razão (ou mais!) para aprender uma língua, e ter clareza sobre que razão é essa. Quer seja a cultura associada a ele, a sua culinária ou a vontade de atingir um objetivo profissional. De qualquer forma, é importante ter clareza do que nos motiva. Vale até criar uma lista das razões por trás da decisão de aprender um novo idioma. Fazer isso vai permitir que você relembre por que está se esforçando, se eventualmente sua motivação fraquejar.

3. Ser muito perfeccionista

Haverá situações em que você não vai se lembrar da palavra certa, ou que você terá o famoso “branco”… E, sim, você também vai cometer erros. Muitos erros. Muitas vezes, o mesmo erro, repetidamente. Mas se você passar por isso com um sorriso no rosto, tudo bem… Cometer erros faz parte do processo de aprendizagem. Por isso, é importante entender e aceitar isso desde o início, para evitar o sentimento de frustração quando você se enganar ou não souber bem o que dizer. Se você repetir para si mesmo o tempo todo que “não leva jeito pra idiomas”, porque comete erros, isso acaba virando uma desculpa para não praticar. E, sem prática, não há como progredir. Portanto, aceitar suas imperfeições é a melhor forma de encarar seus erros como o que eles realmente são: uma ótima oportunidade para aprender mais!

4. Aprender de um jeito chato

Aprender um idioma leva tampo. Então, por que escolher fazer isso usando atividades chatas? Há muitas maneiras de aprender idiomas de forma agradável e até divertida. E, ainda assim, muitos de nós continuam aprendendo idiomas como fazíamos na escola… Alguns continuam com os exercícios de “escuta e repetição”, em paralelo a exercícios de gramática. Mas isso é tão chato! Não é de admirar que essas sejam justamente as pessoas que logo desistem.

Há também pessoas que vêm a aprendizagem de um idioma não apenas como um processo de aprendizagem, mas também como uma oportunidade de se divertir. Esta é a atitude que leva ao sucesso! Você pode misturar essas atividades com outras mais divertidas, como conversar online com um parceiro linguístico, escutar podcasts ou simplesmente assistir a um bom filme com o som original. Não existe um método errado, mas depender apenas de um deles pode limitar sua aprendizagem.

5. Dar duro demais

Este ponto pode parecer estranho, mas é muito verdadeiro! Fazer sessões de estudo muito longas não vai ajudar na memorização. Primeiro, porque você tende a ir além do período pelo qual seu cérebro está alerta e pronto para aprender. Depois, porque isso acaba sendo cansativo, chato e, consequentemente, desmotivador. É muito mais interessante e eficaz trabalhar menos, mas regularmente. Ao longo do tempo, você irá se lembrar muito melhor do que aprendeu… sem correr o risco de perder sua motivação. Sugerimos que você comece, por exemplo, fazendo sessões de aprendizagem curtas, com 10 minutos de aprendizagem, diariamente. Aos poucos, se desejar, você pode ir aumentando este tempo — desde que varie as ferramentas de aprendizagem usadas.

6. Ficar com medo de falar

É compreensível que você tenha medo de falar um novo idioma. Esse é um sentimento natural. Só que, ao invés de deixar que ele impeça você de falar, é importante que você se dê conta de que quanto mais você falar, mais terá consciência de suas limitações e dos erros que tende a cometer. Falar irá ajudar você a identificá-los e corrigi-los imediatamente. Sem falar, você nunca poderá avaliar seu verdadeiro progresso. Então, de tempos em tempos, deixe o orgulho de lado e simplesmente fale! Descubra o prazer em se expressar e as pessoas terão prazer em ouvir você.

Todos esses erros mais comuns ao aprender um idioma estão reunidos em um vídeo que o Cédric, da Equipe MosaLingua, preparou para nós, os fãs da telinha… O vídeo está em inglês, mas você pode habilitar as legendas no idioma que preferir. Para fazer isso, clique no ícone da engrenagem, no canto inferior direito do vídeo!


 

Como evitar os erros mais comuns: as 5 boas práticas que você precisa adotar

Assim como há alguns erros mais comuns ao aprender um idioma, há também alguns truques para evitá-los. Confira, a seguir, 5 boas práticas que podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso, quando o seu objetivo é aprender uma nova língua estrangeira.

1. Aprenda uma boa quantidade de palavras e frases

O vocabulário é uma das fundações da aprendizagem de idiomas. Sem palavras e frases, você não vai conseguir entender nem começar a falar uma língua. Por isso, o primeiro ponto essencial é aprender o máximo de palavras, o mais rápido possível. Você pode deixar a gramática para mais tarde, pode deixar a prática oral para depois, mas não pode abrir mão da aquisição de vocabulário.

Mas, especialmente se for um iniciante, você terá um desafio: há palavras demais para aprender. Por isso, não se sobrecarregue… se organize! A estratégia mais efetiva é focar nas palavras que são mais usadas oralmente e naquelas que são especialmente úteis pra você. Por exemplo: se você precisa do idioma para sua atividade profissional, concentre seu esforço no vocabulário relacionado ao mundo do trabalho.

2. Deixe a gramática para mais tarde

A gramática é realmente útil para melhorar seu domínio de um idioma e levar você para o próximo nível. Mas aqui no MosaLingua nós realmente acreditamos que você não deve introduzir a gramática na sua rotina de aprendizagem cedo demais. A gramática é uma ferramenta maravilhosa. Mas também é perigosa…

A gramática pode ser difícil, chata, e pode até impedir que você se expresse livremente. Isso porque, quando você começa por ela, cada vez que abrir sua boca, estará pensando em regras e exceções. E isso irá comprometer a sua fluidez, na hora de falar. Então, só estude uma regra de gramática quando sentir necessidade de usá-la. Se você quer contar a um amigo seus planos para as próximas férias, estude o futuro. Assim, você vai colocar as regras que aprender em prática imediatamente, o que ajuda a memorizá-las.

3. Trabalhe em sua pronúncia e em seu sotaque

Sua pronúncia realmente é capaz de fazer a diferença. Um estudante com uma boa pronúncia se destaca. É muito importante acertar na pronúncia já desde o início, porque quando você assimila a pronúncia errada, cria um mau hábito do qual é difícil se livrar.

Apesar disso, não espere até ter um sotaque perfeito para falar. Desenvolver uma boa pronúncia exige tempo e prática, e a melhor maneira de praticar é conversando. Se você é tímido(a), comece falando sozinho(a). Mas procure um parceiro de conversação o quanto antes. O ideal é conversar com falantes nativos, para que eles corrijam seus erros de pronúncia. Então, dedique tempo à sua pronúncia e ao seu sotaque, mas não fique obcecado(a) com a perfeição!

4. Ouça o idioma que você estuda diariamente

Esse é um ponto muito importante, mesmo que você seja um iniciante e ainda não entenda muita coisa. Você precisa se familiarizar com os sons e as estruturas do idioma que aprende. Então, ouça o máximo que puder. Eu sei que não entender o que você ouve pode ser frustrante… Por isso, minha sugestão é de que você trabalhe de forma progressiva. No começo, não ouça material que seja difícil demais pra você, como recursos criados para os nativos no idioma em questão. Você vai aprender muito mais se usar conteúdo adaptado para o seu nível. Por exemplo: podcasts criados para quem está aprendendo.

Mas, para ser sincero, muitos estudantes têm dificuldade de encontrar material de áudio que, ao mesmo tempo, seja interessante e esteja no seu nível. Essa foi a principal razão pela qual nós criamos o MosaSeries, nossa história original em áudio, que segue uma abordagem passo a passo em termos de dificuldade.  Então, ouça o idioma que você aprende diariamente, mas escolha um material de áudio que seja ideal pra você.

5. Converse no idioma que você aprende

Eu sei que isso é algo que alguns estudantes evitam como a morte, mas um idioma é uma habilidade que você só adquire com a prática. Então, em algum momento, você terá que conversar com alguém. E eu diria que quanto mais cedo você começar, melhor!

Nós publicamos um outro artigo sobre “quando e como começar a falar um idioma“. Dê uma olhada nele, se quiser saber mais. De forma geral, você deve começar com alguma prática oral após três meses. Mas, principalmente na sua primeira conversa, não vá para uma sessão de conversação sem primeiro se preparar.  Um bom preparo para sua primeira conversa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. E, se você tiver sucesso, se sentirá motivado(a) para fazer outra sessão de conversação, e depois outra, e assim por diante.

Preparar significa escolher os temas sobre os quais você quer falar, e/ou listar palavras e frases específicas que você quer usar na conversa. Você também pode preparar algumas frases “SOS” para ajudar caso você não entenda a outra pessoa, ou queira que ele(a) fale mais devagar ou que repita o que disse.

Aqui, também, você pode rever estas boas práticas no vídeo abaixo, que o Luca gravou para o canal MosaLingua no Youtube. E, se preferir assistir a este vídeo diretamente em nosso canal, é só clicar aqui.

Conclusão

Você se identificou com alguns desses erros de aprendizagem ou alguma dessas boas práticas? Em qualquer dos casos, para ir mais longe, não deixe de conferir também estes outros artigos:

Referências:

Ehrman, M. y Oxford, R., 1991. Adult language learning styles and strategies in an intensive training setting. The Modern Language Journal, (74)3, pp.311-327.

Dunkel, P., 1991. Listening in the native/foreign lenguaje: Toward and integration of research and practice. TESOL Quarterly, (25)4, pp. 431-457.

Hakuta, K., 1974. Prefabricated patterns and the emergence of structure in second language acquisition. Language Learning, (24), pp. 287-297.

Huang, J. y Hatch, E., 1978. A Chinese child’s acquisition of English. En E. Hatch, ed. Second language acquisition. Rowley, MA: NewburyHouse. pp. 118-131.