Se você aprende um idioma estrangeiro, talvez sonhe em perder o sotaque natural da sua língua materna, melhorar sua pronúncia e falar esse idioma como um nativo. Mas, para os adultos, será que essa é uma meta real? No artigo de hoje, confira o que a nossa experiência e a ciência têm a dizer a esse respeito.
Perder o sotaque em um idioma estrangeiro é possível?
Antes de tudo, vamos esclarecer uma coisa. “Falar como um nativo” não é um nível de proficiência linguística. Você pode alcançar um nível avançado ou até mesmo se tornar fluente em um idioma estrangeiro sem necessariamente perder o sotaque da sua língua materna e “soar” como um nativo.
Além disso, soar como um nativo não significa necessariamente que você será mais proficiente no idioma que aprende. Isso, porque os falantes nativos frequentemente cometem erros ao falar sua própria língua.
Para começarmos quebrando o suspense, a resposta a essa pergunta é… sim! Adultos podem, sim, perder o sotaque e falar como os nativos no(s) idioma(s) que aprendem.
Exemplos do mundo real
Você talvez já tenha conhecido ou ouvido falar de alguém que aprendeu uma segunda ou até uma terceira língua e fala tão fluentemente e naturalmente quanto um falante nativo. Embora isso não seja muito comum, especialmente entre adultos, isso com certeza é possível.
Vou citar o exemplo de Ole Gunnar Solskjær, ex-treinador de futebol do Manchester United. Se você ouvi-lo falar, perceberá seu sotaque “Manc”—um termo para o sotaque falado na cidade inglesa de Manchester. Portanto, você poderia pensar que ele nasceu e cresceu no Reino Unido. Mas o Ole, na verdade, nasceu na Noruega.
Por outro lado, você também pode conhecer alguém que é fluente em um idioma estrangeiro, mas ainda tem um sotaque do seu idioma nativo. Isso, às vezes, pode até levar à frustração.
Eu já tive alunos que diziam odiar seus sotaques, o que me incomoda porque na minha opinião não há nada de errado com sotaques. Na verdade, um sotaque estrangeiro pode até ser uma vantagem? Eles podem ser ótimos, por exemplo, para iniciar uma conversa: “— Ei, esse sotaque… de onde você é?“.
Um sotaque estrangeiro também mostra que você é uma pessoa inteligente, já que fala mais de um idioma. Sem contar que alguns sotaques são até considerados sexy!
O que realmente importa: fazer-se compreender
Quando se trata de ter um sotaque estrangeiro, só o que pode ser um problema é quando esse sotaque impede que os falantes nativos entendam o que você diz. Em casos assim, trabalhar na redução do sotaque com um coach de idiomas é altamente recomendável.
Mas se pessoas como o Ole conseguem adquirir um sotaque nativo, o que a ciência tem a dizer sobre isso?
A ciência por trás da aprendizagem de idiomas
Vamos explorar oito fatores científicos que podem influenciar a capacidade de um adulto adquirir um sotaque nativo:
1. Idade e Plasticidade Cerebral
É bem sabido que, quanto mais jovem você é, mais fácil é aprender coisas novas, incluindo idiomas. Isso acontece porque o cérebro jovem é mais flexível, ou “plástico”.
Por isso, quando exposto a sons diferentes dos de sua língua nativa, o cérebro jovem os integrará facilmente, tornando-os mais fáceis de aprender e reproduzir corretamente, e reduzindo o sotaque.
2. Diferenças Individuais
Os pesquisadores apontam que cada aprendiz de idioma é único, e há fatores chave que podem levar a um progresso mais rápido ou mais lento na aquisição de um sotaque nativo. A atenção aos detalhes e a capacidade de imitar novos sons (que são habilidades que podem ser desenvolvidas) são cruciais.
Músicos e atores frequentemente se destacam nisso, já que costumam ter prática naquilo que chamamos de “escuta ativa”.
3. Exposição ao Idioma
Quanto mais você se expuser ao idioma que está tentando dominar, mais fácil e rapidamente atingirá seu objetivo.
Graças à Internet, você nem precisa se mudar para o exterior para melhorar essa habilidade. A exposição regular aumenta sua compreensão, pronúncia e familiaridade com expressões coloquiais, tornando sua fala mais autêntica.
4. Falar mais de um idioma
A experiência de falar outros idiomas, além do materno, fornece ao nosso cérebro um conjunto de habilidades valiosas. E essas habilidades influenciam positivamente nossa capacidade de aprender e falar novos idiomas fluentemente. Bilíngues, trilíngues ou poliglotas têm mais chances de conhecer técnicas de pronúncia como a imitação e o shadowing.
5. Semelhança com outros idiomas que você fala
Alguns idiomas são mais próximos entre si em termos de vocabulário, sintaxe, pronúncia, etc. E, naturalmente, é mais fácil adquirir um sotaque nativo em um idioma semelhante ao seu idioma nativo ou a outro que você já fala. Para nós, nativos no português, por exemplo, pode ser mais fácil perder o sotaque e falar como um nativo no espanhol do que no alemão.
6. Ingestão de álcool
Há quem defenda que as bebidas alcoólicas podem nos ajudar a falar melhor os idiomas estrangeiros que aprendemos.
Na prática, os efeitos do álcool na aprendizagem de idiomas dependem da quantidade consumida, da frequência e da tolerância individual.
Enquanto o consumo moderado pode trazer fazer algumas pessoas se sentirem mais relaxadas e confiantes, essa regra não parece valer para todas as pessoas. Além disso, o consumo excessivo pode ser prejudicial tanto para ajudar você a perder o sotaque e falar como um nativo quanto na sua proficiência geral no idioma.
7. Sentimento de pertencimento
O psicolinguista canadense Frank Smith acredita que o sentimento de pertencimento a um grupo pode influenciar nossa capacidade de perder o sotaque e soar como um nativo em um idioma estrangeiro.
Segundo Frank Smith, “o sotaque é adquirido rapidamente, mas não é executado porque não nos sentimos como membros do grupo que o utiliza; não somos ‘membros do clube’.”
8. A Teoria do Input
Há ainda a Teoria do Input, desenvolvida pelo Dr. Stephen Krashen. Esse reconhecido linguista afirma que a maneira como você pensa é a maior barreira entre você e um sotaque nativo.
Ou seja: se você começar a aprender um idioma já pensando que nunca vai conseguir perder o sotaque e soar como um nativo, realmente não vai conseguir fazer isso. Por outro lado, se você acreditar que pode, é mais provável que consiga.
Para ir mais longe, confira também
- Adultos X Crianças: Quem tem mais facilidades para aprender idiomas?[VÍDEO]
- Imersão linguística: como aumentar sua exposição a um idioma sem sair de casa [VÍDEO]
- Quando começar a falar um idioma? [VÍDEO]
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