Quando um grupo de líderes mundiais se encontra para falar sobre assuntos globais importantes, como eles se comunicam? Os representantes do G7, por exemplo, falam cinco línguas diferentes. Mas, quando estão reunidos, a língua franca é o inglês. Confira as habilidades de cada um deles nesse idioma. E descubra o que você pode aprender com eles!

representantes do g7

 

O Grupo dos Sete (G7) é formado pela Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Quando os representantes do G7 precisam se reunir, você consegue imaginar tentar organizar intérpretes para todas essas línguas?

Às vezes é mais fácil escolher uma língua que a maioria saiba, e usá-la. E o inglês, em situações como esta, normalmente é o ponto em comum. Mas quão bons no inglês são os representantes do G7?
É isso o que a Abbe, nossa professora de inglês aqui no MosaLingua, vai analisar neste artigo! Quão bom é o inglês de presidentes, primeiros- ministros e outros líderes mundiais.
Isso, pra que você possa aprender com aquilo que eles fazem bem, e também com o que não fazem tão bem assim quando falam inglês!

O que você encontra neste artigo

Os líderes mundiais falando inglês: aprenda com eles

Chanceler Olaf Scholz (Alemanha)

O chanceler Scholz não foi à escola em um país de língua inglesa, como muitos dos seus colegas. Nós ainda não o ouvimos falar muito em inglês, porque ele foi eleito recentemente.

Mas preste atenção neste trecho de uma entrevista que ele concedeu em inglês:

“Do you think it’s possible to reach an agreement before the US election…with the US?”
(Você acha que é possível chegar a um acordo antes das eleições dos EUA…com os EUA?)

“I think it is possible to reach an agreement and if there’s enough effort it is always possible to do it really soon, because we have agreements.
(Então, se colocarmos algo… acrescentarmos algo, é algo realmente possível. Mas, no fim, isso depende de todos os lados.)

So if we put something to it…add something to it, it is something that is really feasible. But in the end it depends on all sides.”
(Eu acho que é possível chegar a um acordo e se houver esforço o suficiente, é possível fazer isso rapidamente, porque nós temos acordos.)

Pontos positivos

Uma coisa boa que Scholz faz nesta entrevista é repetir as palavras da pergunta em sua resposta. Quando o reporter perguntou, “Você acha que é possível chegar a um acordo?”, em vez de dizer “Sim”, ele disse “Eu acho que é possível chegar a um acordo”. E depois ele explicou o porquê.

Essa é uma estratégia fácil, que você pode usar para soar mais fluente — e não só no inglês. Isso te ajuda a criar uma frase mais completa, diz ao outro que você entendeu a pergunta. E ainda te dá alguns segundos a mais para pensar no que você vai falar em seguida.

Pontos negativos

Uma crítica que eu tenho é que a entonação dele é um pouco plana e monótona em alguns pontos. No inglês, em especial, nossas vozes sobem e descem muito. Por exemplo, para expressar ênfase ou emoção, ou marcar o fim de um pensamento.

O alemão geralmente é mais comedido, e a variação de entonação no alemão é um pouco menor do que no inglês. Como muitos falantes de inglês dependem da entonação como referência, é fácil se perder no que ele está dizendo.

🎁 Aprenda com Olaf Scholz

Então, vale a pena aprender sobre as principais diferenças entre a sua língua nativa e o inglês (ou o idioma que você quer aprender). Saber as dificuldades comuns para falantes da sua língua nativa pode guiar o seu processo de aprendizagem.

Mario Draghi (Itália)

Em seguida vem outro líder que é relativamente novo nesse grupo. Mario Draghi ocupa o cargo de primeiro-ministro da Itália desde fevereiro de 2021.

Nos anos 70, ele obteve um PhD em Economia em uma das universidades mais prestigiosas dos Estados Unidos: o MIT. E desde então ele tem ocupado vários cargos nos EUA ou muito relacionados a este país.

Então, teoricamente ele deveria ter um inglês excelente. Pelo menos quando se trata de finanças e economia, certo? Vamos descobrir se esse é o caso!

“…furthermore, when we look at the banks over all the Euro zone, we see that their profits last year actually went up. And this is the first year when interest rates had been negative.
(…ademais, quando olhamos para os bancos em toda a zona do Euro, vemos que, na verdade, seus lucros subiram. E esse foi o primeiro ano no qual as taxas de juros estiveram negativas.)

And even the return they had from the net interest income also increased, which says basically that the category, overall, did well.
(E até mesmo o retorno que tiveram do resultado líquido de juros aumentou, o que basicamente diz que a categoria, no geral, foi bem.)

And within the category, of course, we have weak banks and strong banks.”
(E dentro da categoria, é claro, temos bancos fracos e bancos fortes.)

Os pontos positivos

Ok! Ele claramente sabe o jargão da Economia, como nós prevíamos!  E parece bem confortável falando inglês.

O uso de palavras de ligação, como “Furthermore…” e palavras de preenchimento, como “basically” e “of course”, fazem o inglês dele soar, no geral, bem natural.

Em termos de mecânica, os sons “th” dele são ótimos. E isso é algo em que muitos que estão aprendendo inglês sentem dificuldade.

Os pontos negativos

Isso me leva a algo que ele não faz tão bem quanto o restante: os sons vocálicos.

No italiano, as vogais são grandes e redondas. Por isso, seu sotaque é mais pronunciado quando ele diz palavras como “up”, por exemplo.

Minha boca só abre um pouquinho quando eu digo “up”. Mas a dele abre bastante: “aahp”.

Ele também tem dificuldade com alguns outros mínimos detalhes. Por exemplo: os sons /ee/ e /i/, como em “did”, e “interest“, que ele pronuncia “een-trest”.

🎁 Aprenda com Mário Draghi

Uma coisa que você pode aprender com o inglês do Mário Draghi é que dominar apenas dois ou três sons do inglês pode melhorar drasticamente a forma como os falantes nativos percebem a sua pronúncia.

Eu realmente recomendaria trabalhar muito no seu som “th”, como prioridade.

Emmanuel Macron (França)

O presidente da França nunca estudou em um país anglófono, mas o bisavô dele era inglês!

Ele dá muitas entrevistas e discursos em inglês, diferente de seus precursores. E isso, pra mim, já mostra muita coragem.

Mas será que a prática leva à perfeição? Vamos dar uma olhada:

“Ahh…look, we are catching up. And definitely we are vaccinating more and more people, we vaccinated more than 12 million people and we have, mid-May, the objective of 20 million; 30 million, mid-June.
(Ahh… veja, estamos avançando. E definitivamente estamos vacinando mais e mais pessoas, ós vacinamos mais de 12 milhões de pessoas e temos, no meio de maio, o objetivo de 20 milhões; 30 milhões no meio de junho.)

And at the end of the summer all the adults will be offered a vaccine.
(E, no final do verão, uma vacina terá sido oferecida a todos os adultos.)

Which means that we are progressing and we will progressively lift the restrictions after the beginning of May…”
(O que significa que estamos progredindo e vamos levantar progressivamente as restrições após o início de maio…)

Os pontos positivos

Emmanuel Macron fala com confiança. Então, mesmo que seu inglês esteja longe de ser perfeito, não é doloroso de ouvir.

Ele faz com que as pessoas se interessem tanto pelo que ele diz, que nós não focamos tanto em como ele está falando. Ou seja: a autoconfiança ajuda muito!

Os pontos negativos

Mas ele usa algumas estruturas de frase do francês. E isso mostra que ele provavelmente está pensando em francês e traduzindo seus pensamentos para o inglês na hora. Ao invés de pensar em inglês.

Além disso, ele tem uma pronúncia dos cognatos que soa bastante francesa.

Cognatos são palavras que são muito parecidas em duas línguas. Mas que geralmente têm pequenas diferenças na pronúncia. Nesse trecho nós temos “progressively” e “restrictions”, por exemplo.

Mas sabemos que ele pronuncia um bom som do “r” no inglês, porque ouvimos isso em outras palavras. Portanto, acho que ele provavelmente está sendo influenciado pelas palavras parecidas do francês.

🎁 Aprenda com Emmanuel Macron

Se tem uma dica que eu daria para quem está aprendendo, baseada nesses trechos, é ter certeza de que você não caia na armadilha da pronúncia de cognatos. Como o Macron cai.

Aprender o significado dessas palavras não exige tanto esforço. Mas isso não quer dizer que você deva negligenciar a aprendizagem da pronúncia correta!

Fumio Kishida (Japão)

O primeiro ministro do Japão morou nos Estados Unidos por mais ou menos 3 anos, quando criança, por causa do trabalho de seu pai. Nesse período, ele frequentou uma escola pública em Nova Iorque. Então, vamos descobrir se ele manteve suas habilidades no inglês.

“A country regarded as reliable by another country will not lose that status overnight.
(Um país considerado como confiável por outro país não perderá isso do dia para a noite.)

And this is because winning another country’s trust takes time and concrete actions, as well as words.”
(E isso porque ganhar a confiança de outro país leva tempo e ações concretas, além de palavras.”)

Pontos positivos

No geral, a pronúncia de Kishida de palavras individuais é bem precisa. Ele aproveita o tempo para enunciar. Portanto, sua mensagem é passada com clareza.

O fato da mensagem dele ser bem escrita ajuda… Infelizmente, não consegui achar um vídeo dele falando com mais espontaneidade.

Pontos negativos

A principal questão que eu tenho com o inglês do Kishida é que é instável. Ele pronuncia cada palavra separadamente, e não as conecta como um falante nativo faria.

Você pode pensar que isso torna o seu discurso mais claro. Mas na verdade só faz você soar robótico. E seria difícil aguentar um discurso de 30 minutos inteiro que soa dessa forma.

Mas isso talvez se deva a ele não estar muito familiarizado com o texto que está lendo.

🎁 Aprenda com Fumio Kishida

Então, se você tem um discurso ou apresentação em inglês pra fazer em breve, não se esqueça de praticar, praticar, praticar. Se possível, faça isso em frente a um parceiro de conversação
que seja falante nativo.

Se você achar que o seu próprio inglês não é muito fluido, trabalhe nas ligações das palavras. Especialmente se você é um estudante intermediário ou avançado e já tem um bom vocabulário.

Ouvir muito conteúdo nativo em inglês e praticar com exercícios direcionados vai ajudar você a entender quando deve juntar o fim de uma palavra com o início da próxima.

Conclusão

Naturalmente, eu não vou avaliar as habilidades de inglês dos outros representantes do G7. Joe Biden, dos EUA, Boris Johnson, do Reino Unido, e Justin Trudeau, do Canadá, que é perfeitamente bilíngue em inglês e francês.

No entanto, quero lembrar que o Joe Biden tem um alguns problemas com o inglês falado, porque ele tem um certo nível de gagueira. Se ele conseguiu superar esses desafios com a fala e se tornar o presidente dos Estados Unidos, você não tem nenhuma desculpa!

Tenho certeza de que você consegue superar qualquer medo ou vergonha em relação ao seu inglês.

E, se você precisar de um empurrãozinho, dê uma olhada na nossa MasterClass “Speak English with Confidence”, um curso criado especialmente para melhorar a sua expressão oral no inglês.

BÔNUS: os representantes do G7 falando inglês… em vídeo

Agora, confira o vídeo no qual você verá os representantes do G7 falando inglês. E confira os pontos que a Abbe ressalta. O áudio está todo em inglês, mas o vídeo oferece legendas neste idioma, em português e em mais quatro línguas. Para habilitá-las, basta clicar no ícone da engrenagem, no canto inferior direito do vídeo.

E, se preferir, você também pode assistir ao vídeo diretamente no canal MosaLingua no Youtube. Só não se esqueça de curtir e compartilhar com os amigos!

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