O alfabeto japonês é um assunto complexo, porque o idioma japonês conta com três sistemas de escrita diferentes: o hiragana, o katakana e o kanji. E também um sistema de transcrição desses caracteres para os caracteres latinos, o rōmaji. Eu sei… é bastante! Mas nada de pânico! Se você está empenhado(a) em aprender japonês, continue lendo e descubra como e quando usar cada uma destas variantes do alfabeto japonês.

alfabeto japonês

Atualizado em 16.08.23

O que você encontra neste artigo:

Hiragana: o alfabeto japonês básico

O hiragana (平仮名) é composto por 46 caracteres, e cada um deles representa uma sílaba. Hoje, ele é o alfabeto japonês mais usado no Japão. Você vai usá-lo para escrever as palavras do japonês nativo e as palavras do dia a dia.

Diferente do que acontece no português, a pronúncia do japonês é baseada em sílabas, não em letras individuais. Então, cada palavra é uma combinação de certas sílabas, e não de letras.

Perceba como, no quadro abaixo, cada caractere representa uma sílaba e (com exceção das vogais e da consoante “n”) não uma letra.

Isso nos dá uma informação importante sobre a pronúncia do japonês! Nessa língua, a pronúncia das palavras é previsível, já que o número de sílabas disponíveis é limitado. Diferente do que acontece no português, no francês e no inglês, por exemplo, quase nunca existem exceções.

alfabeto japonês hiragana

Imagem: Buddy Lindsey

A origem desse alfabeto japonês

Por muitos séculos, o hiragana foi usado apenas por mulheres de classe mais alta, mas que recebiam menos educação formal do que os homens. Os homens usavam o kanji e o katakana.

Em função disso, uma rica literatura feminina nasceu no Japão, com obras todas escritas em hiragana. Um exemplo desta literatura é o Genji Monogatari (源氏物語) que data do século XI. Desta particularidade nasceu o “apelido” do hiragana: onna-moji (女文字), que significa, literalmente, “caracteres das mulheres”.

Aos poucos, no entanto, o hiragana começou a ser cada vez mais aceito. Hoje, muita gente usa esse alfabeto japonês, independente do gênero. Na prática, as pessoas usam o kanji e o katakana para a escrita oficial e o hiragana para a comunicação escrita no dia a dia. 

 

Katakana: o alfabeto japonês para as palavras emprestadas

A segunda parte integrante do kana é o alfabeto japonês que chamamos katakana (片仮名). O katakana também possui 46 caracteres que representam as mesmas sílabas que integram o hiragana.

Como você pode ver no quadro abaixo, os caracteres do katakana são mais quadrados e angulosos, diferentes dos do hiragana que são mais arredondados.

katakana alfabeto japonês

Imagem: Buddy Lindsey

Já sei o que você está se perguntando agora! “Mas… e por que nós precisamos de dois alfabetos diferentes para representar os mesmos sons?” Isso acontece porque o katakana e o hiragana  têm usos diferentes.

Geralmente, escrevemos palavras no japonês nativo usando hiragana, enquanto o katakana é usado para palavras emprestadas de outras línguas. E também para onomatopeias, para o nome científico dos animais ou para tornar textos de cartazes mais fáceis de ler.

Então, por exemplo, “arigatô”,  palavra em japonês para “obrigado”, é tipicamente escrita ありがとう (a ri ga to u) usando caracteres do hiragana. Já “África” se escreve アフリカ (a fu ri ka), usando o katakana.

A origem do katakana

A criação do katakana é atribuída a Kūkai, um monge budista que viveu no século IX. O que se sabe, com certeza, é que o katakana foi uma primeira compilação de símbolos, e não caracteres, para ler textos budistas escritos em kanji.

Mas, à medida que um número cada vez maior de pessoas percebeu o quanto esses símbolos podiam ser úteis para a comunicação escrita, o katakana começou a ser misturado ao kanji.

 

O kanji: o primeiro alfabeto japonês

O kanji (漢字) é um alfabeto japonês que reúne todos os caracteres importados pelo Japão do sistema de escrita chinês, no século VI. Até então, o Japonês era um idioma apenas oral, que não contava com nenhum alfabeto ou sistema de escrita.

A primeira coisa que você precisa saber é que,  diferente do katakana ou do hiragana, o kanji nem sempre é um conjunto de caracteres que você junta para formar sons e palavras.

Nesse sistema de escrita, existem caracteres que não representam apenas um som ou uma sílaba, como no nosso alfabeto ou no kana. Um kanji, sozinho, pode representar uma palavra,  uma coisa, um lugar, uma ideia, etc…

Veja, por exemplo, como se escreve a palavra “kanji” usando este alfabeto japonês: as palavras 漢 e 字 significam “Han” (nome da dinastia no poder, na época). Já  字 significa “caractere”.  Juntas, elas significam “o caractere do povo Han”. Ou, em outras palavras, “caracteres chineses”.

O kanji é o alfabeto japonês que você verá com frequência em textos nesse idioma. Es caracteres do kanji são usados para representar substantivos, radicais dos adjetivos, verbos e também nomes em japonês.

Japanese alphabet

Como aprender o kanji

Esse alfabeto japonês pode parecer um pouco assustador. Primeiro, porque ele realmente tem uma aparência exótica. E também pela quantidade de caracteres que existem… A lista oficial de Jōyō kanji, a lista oficial de ideogramas feita pelo governo japonês, contêm 2136 caracteres (os kanji)!

As crianças japonesas levam anos para aprendê-los. No Japão, quando os alunos se formam no ensino médio, devem saber ler e escrever  em torno de 2000 kanjis.

Mas se você conseguir superar o susto inicial, memorizar os kanji pode ser menos difícil do que parece. Só o que você precisa é de um bom método de aprendizagem. E, naturalmente, aceitar o fato de que isso vai levar algum tempo. Então, se você quer aprender os kanji, minhas dicas são as seguintes:

1) Defina um número de kanji para aprender a cada semana

2) Aprenda os radicais

3) Aprenda e respeite a ordem dos traços

4) Use um app baseado no SRS  (Spaced Repetition System)

 

O rōmaji: a transcrição do alfabeto japonês

O rōmaji não é propriamente um alfabeto japonês, e sim um sistema para transcrever os três sistemas de escrita usados pelos japoneses em caracteres latinos. Uma boa notícia é que, na verdade, você já conhece o rōmaji. Todas as vezes que uma palavra em japonês é transcrita no alfabeto latino, o nosso alfabeto, usamos o rōmaji.

Por exemplo, quando eu digo こんにちは, vou transcrever para rōmaji assim: “Konnichiwa”

Hoje, a principal vantagem desse sistema de transcrição é permitir que se escreva em japonês em um teclado QWERTY — como o que a maior parte de nós usa, no Ocidente.

Na “romanização do japonês”, wāpuro rōmaji (ワープロ・ローマ字), a ideia é simples. Você digita uma palavra usando o rōmaji (a transcrição do alfabeto japonês) e o software transcreve para o kana ou o kanji. Você talvez precise de algum tempo para se acostumar. Mas não é nada muito complicado!

Por exemplo: para escrever o hiragana ん, basta digitar o “n” no teclado duas vezes. Vale a pena baixar um desses softwares no seu computador ou smartphone, pra começar a praticar a escrita do japonês!

No Japão, o rōmaji é o alfabeto japonês que você vai ver com mais frequência em nomes de marcas, siglas, camisetas, canecas, placas em portas, letreiros, logos de animes, etc.

Se você é iniciante, naturalmente é confortável poder contar com o rōmaji. Mas se  realmente quer aprender a falar japonês, conhecer apenas o rōmaji não é suficiente. Você terá que aprender também o sistema de escrita chamado kana, que é formado por dois dos alfabetos japoneses que vimos acima: o hiragana e o katakana.

 

[VÍDEO] O alfabeto japonês e os diferentes sistemas de escrita usados no Japão

Para mais dicas sobre o alfabeto japonês e o uso dos diferentes sistemas de escrita desse idioma, confira o vídeo abaixo. Ele foi gravado em inglês, mas oferece legendas em seis idiomas (incluindo o português). Para habilitá-las, basta clicar no ícone da engrenagem, no canto inferior direito do vídeo 😉

E, se preferir, você também pode assistir ao vídeo diretamente no canal MosaLingua no Youtube!

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